sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Finalmente o Danny chegou

E assim meu pai se foi, e eu ali fiquei chorando, chorando com toda a dor que eu sentia explodir dentro do meu peito, chorando uma morte em vida.
E a Dinorah tentando por todas as maneiras me acalmar, tentando me fazer lembrar do bebê, de que eu não poderia me alterar daquela maneira, mas eu não conseguia escutar, assim como não vi o Danny chegar, e o que eu me lembro e de estar sentada no chão, chorando muito, com a cabeça entre as pernas e sentir ele me levantando e dizendo:"-Não sei ainda o que ouve, mas saiba que eu irei cuidar de vocês."
Aquilo entrou fundo no meu coração, deixando-me tranqüilizada, mas ao mesmo tempo desesperada pois precisava ir até a casa dos meus pais buscar as minhas coisas, pois tinha certeza de que ele cumpriria tudo que dissera ao sair.
Então o Danny disse que iria comigo e eu conhecendo meu pai pedi para que ele não fosse, então seguimos de táxi eu e a mãe dele para a casa dos meus pais, ao que chegamos lá ele não me deixou entrar, disse que lá eu jamais pisaria novamente, e diante de todos os vizinhos ele jogou minhas coisas para fora, um pouco a Dinorah entrou pegar, nisso chegou meus irmãos ao que ele logo tratou de exigir que não me dirigissem a palavra, lembro-me de minha avô (mãe de minha mãe), tão idosa, olhando para mim e me desejando proteção de Deus, peguei o que tinha me restado, pois a maioria das minhas coisas ele já havia jogado na rua e como morávamos numa vila, então a própria vizinhança foi pegando e levando embora, sobrou me poucas coisas e poucas lembranças, pois a minha mãe já havia ateado fogo em books de fotos que eu tinha.
Entrei no táxi mais em prantos do que havia chegado, seguindo para uma nova vida, uma nova realidade, uma nova família.
Tendo em mente de que um dia eu iria voltar sim, iria entrar novamente naquela casa, de cabeça erguida e com a certeza de que o meu pai teria me perdoado.
Mas naquele exato momento, eu sofria a dor da rejeição, a dor de ser expulsa da casa que eu tinha como minha segurança, meu lar, meu conforto.
Retornamos à casa do Danny, agora uma nova realidade para todos, casando da maneira legal ou não, a partir daquele momento eu e o Danny estaríamos enfrentando uma nova realidade, agora éramos um casal há espera de nosso primeiro bebê.

Chegou o sábado...

Então finalmente o sábado chegou, eu levantei antes dos meus pais e segui para a casa do Danny, chegando lá a mãe dele já me esperava, tomamos um café, eu muito nervosa, pois nem sabia o que ela queria comigo, mas lá no fundo tinha medo, uma coisa pelo menos eu sabia o Danny não estava em casa, acreditem tinha saido para comemorar, pode?
Então saímos dar uma volta até uma pracinha perto do terminal do Portão, lá ela começou a falar que já havia previsto que isso iria acontecer, expôs todo o seu lado e sua experiência de mãe adolescente, afinal ela tinha sido mãe com a mesma idade que eu, e por fim veio a pergunta que não queria calar, se eu queria me casar com o Danny, sei e entendo que para os nossos pais seria a coisa mais correta a fazer, mas eu nunca fui do grupo das sonhadoras, que sonham com festa de 15 anos, casamento e etc.
Nisso fui firme disse que NÃO, o que ao meu ver a deixou chocada, mas era a minha vida, minha vontade, e eu não queria (alias até hoje não quero).
Ela expôs mais uma vez a sua opinião de mãe, mas entendendo também o meu lado, acabou por aceitar a minha vontade e disse que o Danny também não queria, lembro me até hoje que ela me olhou no fundo dos olhos e disse:"-Você não quer casar e ele também não, danou-se!"
Então voltamos para a casa dela, esperando assim meus pais chegarem, e confesso que não foi nada fácil, e para piorar o Danny não chegava nunca.
Às 09:00 horas da manhã do dia 19 de abril, meus pais chegam na casa, e me fuzilando com os olhos por eu já estar ali antes deles, e o Danny nada de chegar, assim meu pai já foi falando na dita reparação, como os pais adoram essa palavra, e minha sogra falando na criança, eles não se entendiam, não chegavam a um acordo, e ainda cada minuto que passava a conversa ia tomando um rumo caloroso demais, meu pai ia se descontrolando e a mãe do Danny, tentando acalma-lo mas cada vez mais perdendo a paciência, quando meu pai deu o tiro de misericórdia na conversa.
"-Ou ele casa com ela, ou então eu o denuncio por abuso!" (Abuso?Eu tinha 17 anos, e ele já havia passado pelo papelão de me levar até uma delegacia, e ouvir do delegado que se ele não havia conseguido manter-me com as pernas fechadas ele não poderia fazer mais nada, sim essas foram as palavras do delegado, imagina a cara de meu pai e a minha vergonha)
Ai foi onde eu não me calei e pela primeira vez enfrentei meu pai, não sei se fiz certo, quem pode saber?Mas não poderia deixar ele prejudicar o pai daquela criança que estava ali na minha barriga, então fui direta ao dizer:
"-Eu não quero casar, e tem mais nem sei se ele é o pai mesmo..."(mentira minha tanto eu quanto o Danny tínhamos certeza de quando havíamos concebido aquela criança, mas num ato de puro desespero e amor pelo Danny e pela criança eu fiz isso, cortando o coração do meu pai).
Num ato de fúria e de orgulho ferido meu pai se levantou e veio com tudo para cima de mim, e minha sogra num ato de proteção entrou entre nós e disse para ele baixar o braço, pois em mim ele não tocaria, que ali dentro da casa dela ela não deixaria ele me bater, foi então que diretamente olhando em meus olhos, e com toda a raiva que ele estava sentindo disse:
"-Então fique com ela, pois minha filha não é mais, você tem apenas 2 horas para ir até a minha casa e retirar suas coisas de lá, hoje você morreu para mim, não a reconheço mais, e não quero te ver nunca mais em minha vida, esqueça de que um dia teve pai, esqueça que me conhece, esqueça tudo que já fiz por você, sua ingrata, duas horas é o tempo que te dou, depois disso estarei jogando tudo no lixo, tudo o que me faz lembrar de você, TUDO!"
Tentei explicar de todas as formas a ele o porque da minha atitude, falei do imenso amor que lhe tinha, tudo em vão, ele não me ouvia, ele não queria saber de mim, ele me rejeitará, me jogará fora de sua vida de seu coração.
Por mais que eu dissesse PAI EU TE AMO, ele não olhava para mim, minha mãe não dizia uma palavra sequer ao meu favor, assim como chegou ela se foi...calada, apenas com um singelo sorriso no rosto.
Vi meu pai ir embora queimando os pneus do carro, numa velocidade sem igual, e eu ali parada pedindo a Deus proteção para ele e para mim, que agora estava caindo de cabeça numa família que dali para frente eu iria chamar de minha...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Faltavam 3 dias...

Logo que retornamos para casa, isso já sendo umas 2 horas da madrugada, e meus irmãos em casa desesperados por não saber onde estávamos, e de repente chegamos, eu mais que um furacão entrei com tudo para dentro de casa e me tranquei no quarto, pois lá fora prestes a entrar estava a fera chamada PAI, e junto dele tinha a minha mãe, mas dentro dele uma raiva imensa de tudo que havia descoberto naquela malfadada noite do dia 14 de abril de 1997, como eu lembro?Essas datas a gente nunca esquece, e eu jamais esqueceria essa, meu pai entrou em casa como um búfalo, dando murros na porta do meu quarto, brigando e dizendo coisas que até Deus duvidaria que ele queria que acontecesse, mas ele disse cada palavra do fundo da sua dor.
Dali até sábado passei os piores dias da minha vida, na manhã seguinte, levantei tomei café e sai para a escola, tinha que ir para não ficar em casa, para não pensar, para não sentir tudo que eu iria sentir, aguentar tudo que eles iriam dizer.
Juro que foi a primeira vez que eu queria que a aula não acabasse, que eu pudesse passar o dia inteiro na escola, como nos meus tempos de menina, mas infelizmente isso não aconteceu, o sinal da escola bateu trazendo com sigo todo o meu temor por ter que ir para casa, lembro-me que nesta época, tinha amizade com uma garota muito querida chamada Tiffany, e enquanto eu consegui esconder de todos o que estava acontecendo, parece que ela conseguia enxergar o fundo da minha alma, e eu envergonhada só consegui lhe dizer que havia brigado com o meu pai por conta do namorado, e ela tão querida e solicita, disse para que eu entregasse nas mãos de Deus que tudo daria certo, aquele conselho acalentou por um momento o meu coração.
Cada momento que eu ia me aproximando da casa de meus pais, meu coração pulava na garganta, lembro que quando entrei, eles estavam todos na mesa almoçando, e como de costume sempre meu prato estava lá, mas naquele dia ele não estava, eles já haviam me excluído da família, meu irmão do meio sempre muito ligado a minha mãe, me fez vários insultos, os quais eu nem sequer poderia ousar retrucar, pois ali diante de todos eles eu estava errada, eu era um pessímo exemplo.
Meu irmão mais velho me olhava nos olhos descredulo de tudo que havia ficado sabendo pela minha mãe, e não podia se aproximar, afinal ela já os tinha proibido de falarem comigo, insultos podiam, palavras de conforto ou carinho não.
E isso seguiu nos 3 dias decorrentes, até chegar o sábado, mas eu ainda tinha uma ultima surpresa a receber, a mãe dele me ligou durante a semana pedindo para que eu estivesse lá antes do horário estipulado pelos meus pais.
O que eu teria a perder de ir falar com ela antes?Aceitei dizendo que estaria, afinal de contas minha família me tratava cada dia pior, como se eu fosse a primeira a ficar grávida do namorado.
Foram os piores dias, os piores insultos, as piores formas de tratar alguém que você chama de filha, eles não dirigiam-me a palavra, se eu entrasse na sala ou em qualquer outro cômodo da casa, em que eles tivessem, imediatamente todos se retiravam, passei esses 3 dias no meu quarto, chorando e pedindo a Deus que olhasse por mim, acreditando no sábio conselho da minha amiga Tiffany.
Minha mãe na época, fez questão de proibir as minhas primas de irem em casa, de falarem comigo, de se quer me olharem, eu era a ovelha negra a ser sacrificada pelo bem dos valores morais e bons costumes da família.

Para casa do Danny...

Sabe imediatamente que disse o nome do Danny, parece que num piscar de olhos estávamos lá em frente a casa dele, e eu aflita tremendo mais que vara verde num dia de ventania.
Meu pai dirigiu tão rápido naquela noite que parece que foi como mágica que chegamos a casa dele, claro que até ai o máximo que eu havia conseguido dizer e que havia transado com o meu namorado, mas só isso para o meu pai já bastou, e para a minha mãe então nem se fala.
Chegando a casa do Danny meu pai já foi falando em reparação e tal, como se ele mesmo não soubesse que entre a época em que ele e minha mãe namoravam, noivaram e se casaram, e o atual ano (1997), muita coisa havia mudado, principalmente no quesito reparação de virgindade.
Mas entendo o lado do meu pai, alias de todos os Pais, que tendo uma filha, não querem nunca ver sua amada princesinha caindo na garra dos aproveitadores de plantão, e para o meu pai eu era a princesinha que tinha caido nas garras de um desses tipos.
Depois de uma imensa discussão sobre casar, o que eu não queria de jeito nenhum, a dita reparação, como pai gosta dessa palavra nessas horas né,
Quando o Danny esgotado de tentar falar gritou, isso mesmo ele gritou com o meu pai assim:"-Não estou preocupado com a virgindade dela e sim com a minha FILHA que está ali dentro!"
Isso foi em alto e bom tom, o que fez meu pai emudecer na hora, e minha mãe aproveitar o momento e destilar seu veneno para o meu lado, mas sabe também entendo o lado dela, pois imagine você ser o mundo para o seu marido e de repente sem aviso prévio ele simplesmente transfere todo o amor para aquela coisinha pequenina chamada de filha.
Mas voltando ao assunto, meu pai entrou em estado de choque, eu chorava mais do que já tinha chorado desde o dia da confirmação, pois eu sabia o que me esperava e aquele dia que eu rezava para nunca chegar, chegou e agora a minha vida iria vira de ponta cabeça, meu pai marcou uma conversa para o sábado, estávamos numa terça-feira, ainda teríamos mais 3 dias pela frente, para mim os 3 piores dias da minha vida, o inicio de tudo que estaria para acontecer...

domingo, 30 de agosto de 2009

O medo do novo

Bem o contar aos meus pais não foi tão fácil como eu esperava, sabe aquelas amigas da onça, pois é eu tinha uma bem ali do meu lado pronta para dar o bote e me derrubar, e a minha gravidez foi um prato cheio para ela, que antes mesmo de eu pensar tratou de ir correndo e contar tudo aos meus pais, mas claro que enchendo de fantásticas historias junto, vc acha que ela iria deixar por menos?
Então um belo dia que eu chego em casa meu pai estava com aquela cara que todo pai fica quando já sabe que aprontamos mas espera que a gente conte logo, mesmo já sabendo de tudo e mesmo não acreditando na nossa versão, pois a versão de quem contou e a verdadeira, afinal nos não chegamos para contar, então a nossa é a mais pura mentira...aff a casa tinha caído totalmente para o meu lado...
Logo que entro na casa dos meus pais, lá está a minha mãe com a cara de quem tinha toda a verdade nas mãos e meu pai com cara de quem iria arrancar o meu couro no vivo e sem anestesia.
Depois de horas tentando sem sucesso algum dizer não a todas as perguntas mais incoerentes que meu pai tinha feito, só consegui dizer o nome do Danny, ai foi que tudo se complicou...

terça-feira, 26 de maio de 2009

Contando os dias

Bem depois de uma longa conversa e a decisão de seguir a diante com aquela gravidez tão precoce e inesperada, sigo agora contando os dias para contar aos meus pais, até onde eu sabia ele já havia contado para a mãe dele, mas desconhecia o que tinha ocorrido entre eles, até quero perguntar para ela como foi para transcrever aqui para vocês, mas vontando ao assunto.
Tinhamos então marcado para contarmos juntos no próximo final de semana, isso era numa segunda, eu passaria a semana toda agoniada para o "grande" dia...aiai
Continuei indo para a aula, trabalhando, fazendo tudo que eu fazia.
Mas fui surpreendida por uma "amiga da onça", ela ficou sabendo pelo namorado que era o melhor amigo do Danny, e foi até a minha casa num dia a noite me encher de perguntas, mas como eu não confiava muito dela não contei nada, não sei se fiz bem, mas acredito que não contando a ela me protegi do que poderia partir dela nessa história que não lhe dizia respeito.
Mas eu estaria sendo massacrada pelas historias dela naquela mesma semana, e tudo que a gente havia planejado iria cruelmente por água a baixo...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Decisão...

Depois de muito choro, e quando digo muito choro, me refiro aqueles choros mesmo, de vc nem ter mais o que derramar e sentir vontade de continuar chorando, deu para entender?
Acho que depois de um tempo consegui me acalmar, mas ainda assim minha cabeça girava, muito, desesperadamente, fomos para a casa dele que para a minha sorte só ele estaria lá naquele momento, conversamos sobre o que fariamos, decidi que acontece-se o que fosse, aborto eu não faria, afinal aquele pequeno ser que estava ali, não tinha culpa de nada e jamais pagaria com a sua vida, pelo que os pais fizeram.
Afinal de contas poderiamos sim ter nos cuidado, afinal existe hoje inumeros metodos anticoncepcionas, camisinha entre outros, mas tudo tem o porque de acontecer e se era para eu ficar grávida aos 17 anos, foi inevitável eu já estava.
Agora era decicir como contar aos nossos pais, a mãe dele, ao que ele próprio me dizia era mais acessivel, pelo menos essa era a minha impressão, agora meus pais, principalmente o meu pai esses eram ossos duros de roer, ainda mais para mim, na minha situação, única filha mulher, caçula, e com apenas 17 anos de idade, grávida do namorado, dá para imaginar situação pior?Infelismente dá...
As coisas não seriam nada facéis dali para frente, o mundo iria cair sobre nossas cabeças e eu iria cair de cabeça no meio da família dele...